sexta-feira, 20 de julho de 2012

EU, A INSÔNIA E OS PENSAMENTOS...



Tá... 3:07 da manhã e eu aqui parecendo uma coruja... Eu e minha panturrilha  meus pensamentos... Insônia é sinônimo de não estar correndo, pra quem me conhece bem... Na corrida eu extravaso, choro, grito, dou risada, tiro os "bichos"de dentro de mim... daqui a duas horas, vou pra uma ressonância magnética ( coisas que você só consegue em São Paulo!), ver o que está acontecendo... Isso me tira o sono? Sim. Porque tenho uma prova daqui a 80 dias, que será seria a prova da vida, mas que pode estar condenada. Mas isso é um assunto tão, mas tão supérfluo, perto do que tirou meu sono hoje, que fica pra outro, ou talvez, nenhum post.

Meu pai, quando éramos pequenas, sempre dizia uma frase: "Filha, seja honesta e não vai ser rica. Mas pelo menos vai deitar sua cabeça no travesseiro e dormir com a consciência tranquila". Será um defeito você se envolver com os problemas das pessoas que você realmente gosta? Será um defeito, você conviver tanto tempo com um funcionário, acabar se afeiçoando a ele e ficar preocupada com o tipo de problema que você pode causá-lo se demiti-lo, se se desfizer de um negócio? Será que é certo algumas vezes na vida você tomar decisões sendo mais "egoísta", e não pensar na reação em cadeia que vem por trás da sua ação?

Eu acho bem clichê quando estou com um problema e uma pessoa me diz: "Olhe pro lado e você vai ver que tem pessoas em situação bem pior que a sua". Ou pelo menos achava até hoje. Tenho uma funcionária, que hoje veio me contar que o marido perdeu o emprego, ela sempre levou a casa dela "meio que nas costas", mas está cansada, esgotada, que o dinheiro agora só com o emprego dela, não pagam as contas BÁSICAS. Ela me contou que há alguns meses, vem cortando supermercado, comprando só o arroz e feijão, porque senão não tem dinheiro para pagar o aluguel. Ela é uma pessoa super sofrida, tem pouca idade, mas muita experiência de vida, e me corta o coração ver uma menina tão esforçada passando por tudo isso. Qualquer um pode pensar: "Ah, cada um no seu quadrado. Cada quadrado tem seus problemas, você tem os seus, ela tem os dela". Mas será que algum de nós já parou pra se colocar no lugar dessa menina? Será que algum de nós sabe o que é ter que escolher entre pagar o aluguel e por comida na casa? Com certeza, das pessoas do "meu quadrado" não. Podemos até nos colocar no lugar dela, mas SABER efetivamente o que é essa situação, isso não.

Eu convivo, por causa da minha profissão, e pelo monte de gente que conheço, com pessoas de quase todos os "quadrados". Para uns, o "problema do dia" é resolver qual garrafa de vinho vai tomar num jantar de amigos; para outros, resolver qual a sandália vai colocar pra ir ao shopping com as amigas; para outros, o problema é para onde ir nas férias; para outros, é fazer ou não um plano de saúde para não depender mais do SUS; para outros, é escolher um dos filhos que tem o que é mais urgente para fazer na boca, porque não pode pagar para os dois; e para outros é resolver o que vai ser: o aluguel ou a comida?

Eu tomei algumas decisões de vida esse ano. Decisões que não afetam só a mim, mas a pelo menos uma meia dúzia de pessoas. Demorei exatos 15 anos pra tomar coragem e resolver, mas ao longo desse tempo, a quantidade de pessoas que serão afetadas por ela, são muito maiores. Se eu tivesse tomado essa decisão aos 18, seriam apenas duas pessoas: minha mãe e meu pai. E talvez minha vida tivesse sido muito diferente. Talvez eu não morasse em São Paulo, não tivesse o Fábio, não tivesse a Duda, não tivesse na minha vida as "n"pessoas que amo ter ao meu lado hoje. Teria outra profissão, e também sei lá como estaria me sentindo hoje em relação a ela. Como eu disse no post anterior, o destino é algo que você não pode discutir o que passou, mas você pode mudar. Cedo ou tarde, por decisões "erradas" que você acha que tomou. Além das pessoas que estão à minha volta na minha vida pessoal, tenho pelo menos 200 pessoas que "dependem"de mim, que não posso simplesmente dizer: "Tchau, estou indo viver minha vida estou indo buscar meu caminho que eu nem sei se é este!". Se teve um valor que eu aprendi em casa foi a responsabilidade. Responsabilidade de terminar o que comecei, de não "pisar"nos outros para seguir meu caminho, se não prejudicar ninguém que tenha de alguma forma "acreditado"em mim...

Minha cabeça está uma confusão. Hoje, na volta do trabalho, vim exatos 41km chorando sem parar. Chorando de raiva de mim mesma por tomar uma decisão que afete tanta gente mas agora eu PRECISO disso pra ser feliz , chorando por ter feito uma escolha profissional tão errada e só ter tido coragem para mudar depois de QUINZE anos, chorando por ver que os problemas do meu quadrado são tão pequenos perto dos de algumas pessoas que convivem comigo, chorando porque gostaria de evitar que a Duda passasse por frustrações assim na vida mas sei que elas serão necessárias pro crescimento dela. Chorei porque fiz com que algumas pessoas muito importantes na minha vida, acreditassem e investissem em mim, e de alguma forma, gostaria de recompensá-las por isso.

Cheguei em casa, fui pro quarto da Duda, e pedi muito a Deus, que a guie pelo caminho certo na vida. Frustrações, tristezas, dissabores, todo mundo tem. Não quero que a vida dela seja perfeita, mas quero poder tentar ajudá-la a seguir um caminho independente do que nós, eu e o Fábio, pensemos...Quero que ela ligue menos para o que as pessoas achem dela e seja autêntica. Quero que ela escolha uma profissão que a permita ser feliz e, ao mesmo tempo, possa conquistar as coisas dela com as próprias pernas. São as poucas coisas que desejo... Ela já teve a "sorte" de nascer num quadrado que pode proporcioná-la mais chances... E, de verdade, quero de alguma forma, poder mostrar isso a ela muito antes do que eu aprendi...